O diabetes, hipertensão, dislipidemia, doenças cardiovasculares e outros distúrbios fazem parte da chamada síndrome da resistência à insulina. Acredita-se que a identificação e o tratamento precoce dos portadores dessa doença tenham um importante papel preventivo uma vez que a resistência é desenvolvida bem antes do aparecimento das doenças. A suspeita da síndrome da resistência à insulina é maior em pacientes com casos de diabetes em parentes de primeiro grau, com caso pessoal de diabetes gestacional, síndrome do ovário policístico ou de intolerância à glicose, além de pacientes obesos (especificamente os que têm acúmulo de gordura abdominal). Atualmente, o tratamento é baseado em mudanças comportamentais como perda de peso, prática regular de exercício físico e dieta rica em fibras. Até então, não se recomenda a farmacoterapia a pacientes que têm apenas resistência à insulina. Na presença da resistência à insulina, os tecidos respondem menos à ação desse hormônio. Portanto, o pâncreas começa a produzir volumes de insulina maiores. Dessa forma, a síndrome pode ser definida como um conjunto de distúrbios associados com a resistência à insulina e a hiperinsulinemia compensatória. Entretanto, os mecanismos através dos quais a resistência à insulina influencia no desenvolvimento dessas doenças, bem como uma relação causa-efeito ainda não estão claramente demonstrados.
Componentes da Síndrome de Resistência à Insulina
Diabetes tipo 2
O distúrbio mais claramente relacionado com a resistência à insulina é o diabetes tipo 2. Às vezes, por décadas antes do desenvolvimento do diabetes, a hiperinsulinemia compensatória ajuda a manter a glicose normal. Quando as células beta do pâncreas não conseguem compensar a resistência à insulina (através do aumento de secreção desse hormônio), a glicemia fica alta possibilitando o diagnóstico de diabetes. Apenas em casos graves (pacientes com glicemia de jejum acima de 180 a 198 mg/dL – 10 a 11 mmol/L) são encontrados níveis plasmáticos reduzidos de insulina.
Hipertensão
Metade dos pacientes com hipertensão essencial são resistentes à insulina e hiperinsulinêmicos. Há evidências de que a pressão sangüínea está relacionada com o grau de resistência à insulina embora a explicação para isso seja controversa. Além disso, em muitos pacientes (especialmente os negros), é possível não ocorrer uma relação forte entre a resistência à insulina e a pressão sangüínea.
Hiperlipidemia
O perfil lipídico de pacientes com diabetes tipo 2 inclui a diminuição da fração HDL do colesterol (um importante fator de risco para doenças cardíacas), elevação da fração VLDL e dos triglicerídeos e, às vezes, uma diminuição nos níveis de LDL. Pacientes com valores diminuídos de HDL têm apresentado resistência à insulina. A concentração plasmática de insulina também tem sido relacionada à produção de VLDL e aos níveis de triglicerídeos no plasma.
Doença cardíaca aterosclerótica
Há mais ou menos quatro décadas, experimentos com a infusão de insulina na artéria femoral de um cachorro mostraram alterações ateroscleróticas nos vasos. Porém, não se conhece os mecanismos através dos quais a resistência à insulina promove a aterogênese.
Obesidade
A obesidade é um dos componentes da síndrome, é também uma das responsáveis pela resistência à insulina,mas não é causada por ela. Emagrecer pode melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir seus os níveis plasmáticos.
Outras alterações
Entre outras alterações relacionadas à resistência à insulina está a hiperuricemia (níveis elevados do inibidor do ativador do plasminogênio 1) e um número maior de partículas pequenas de LDL. Acredita-se que os níveis elevados do inibidor do ativador do plasminogênio 1 e a diminuição do diâmetro das partículas de LDL aumentam o risco de doença coronariana.
Diagnóstico
Geralmente é simples diagnosticar cada uma das doenças que fazem parte da síndrome da resistência à insulina. Entretanto, as complicações da hipertensão e do diabetes costumam já estar presentes. Além disso, a resistência à insulina e a hiperinsulinemia conferem um maior risco para o desenvolvimento de outros componentes da síndrome, como a doença coronariana. A maneira exata pela qual a resistência à insulina é desenvolvida não é conhecida embora muitos acreditem na influência de fatores genéticos e nutricionais, além da importância da atividade física. Através da identificação de pacientes com resistência à insulina, bem como daqueles com maiores chances de desenvolvê-la, é possível prevenir todos ou alguns componentes da síndrome. Muitas dificuldades são apresentadas pelo diagnóstico bioquímico da síndrome de resistência à insulina. A forma mais precisa de medi-la é por meio da técnica de infusão euglicêmica de insulina (infunde-se insulina para manter constantes níveis plasmáticos do hormônio). Em seguida, glicose é aplicada e, à medida que a glicemia diminui devido à ação da insulina, mais glicose é administrada para manter seu nível constante. A medida do grau de resistência à insulina é fornecida pela quantidade de glicose necessária durante o exame. Esse e outros métodos similares são pouco práticos para o uso clínico, mas são úteis para a pesquisa. O grau de resistência à insulina tem correlação com os níveis plasmáticos de insulina no jejum, mas infelizmente, a dosagem da insulinemia de jejum não é amplamente disponível. Não existem ainda métodos padronizados para a realização desse exame nem critérios determinados para os valores normais e anormais. É muito importante que o acompanhamento das doenças constituintes da síndrome seja rigoroso pois envolve mudanças de estilo de vida e hábitos.
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